A presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher e vice do colegiado de Reparação, vereadora Ireuda Silva (Republicanos), repudiou as falas xenófobas, discriminatórias e de apologia à escravidão do vereador de Caxias do Sul (RS) Sandro Fantinel. Na tribuna, ele disse que baiano é acostumado a ‘viver na praia tocando tambor’ e defendeu os empresários ligados às vinícolas Aurora, Salton e Cooperativa Garibaldi, onde cerca de 200 trabalhadores baianos foram resgatados em condições similares à escravidão.
“Sinceramente não sei qual é a desse senhor: se ele quer aparecer, lucrando em cima da situação, ou se quer defender as vinícolas descobertas com mão de obra escravizada na semana passada. A fala desse vereador, que não honra o cargo e deveria ser alvo de processo por quebra de decoro, é repugnante e mancha a imagem do povo do Rio Grande do Sul”, disse Ireuda.
Para a republicana, Fantinel não pode sair impune pelas declarações baseadas em estereótipos raciais e que estimulam a discórdia e o preconceito. “Esse cidadão estaria preso se estivéssemos em um país que de fato repudia as mazelas do próprio passado. Na Alemanha, defender o Nazismo dá cadeia. Por que a apologia à escravidão no Brasil não é tratada da mesma forma? Tem gente que ainda aplaude e tem a desfaçatez de dizer que não existe racismo, exclusão e exploração no país”, pontuou.
A vereadora também repudiou a nota escabrosa divulgada nesta terça-feira (01) pelo Centro da Indústria, Comércio e Serviços de Bento Gonçalves, que tem vinícolas envolvidas no caso entre os associados. Ao tentar minimizar as condições desumanas em que estavam os trabalhadores, numa clara violação à lei, a entidade disse que situações como essa ocorrem porque há uma falta de mão de obra, que teria deixado de trabalhar para viver de assistência social.
É um escárnio. Todo mundo minimamente informado e intelectualmente honesto sabe que a assistência social, seja do governo, seja de entidades independentes, é um paliativo para quem não consegue se inserir no mercado de trabalho por falta de oportunidade e qualificação. Quem é capaz de falar uma asneira como essa desconhece totalmente a realidade brasileira, em que o alto índice de informalidade revela justamente o contrário do que eles disseram. Se todo esse contingente tivesse acesso a empregos, não estaria se virando para sobreviver e sustentar a família. E é preferível estar na informalidade profissional e ser escravizado em certas empresas milionárias, que têm todas as condições de pagar um salário digno”, pontua Ireuda.
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