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Em audiência pública, Marinho debate alto índice de roubo de fios de cobre no Brasil

  • 22 de agosto de 2023

A Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados promoveu, na manhã desta terça-feira (22), uma audiência pública para debater o alto índice de roubo de fios de cobre no Brasil. A solicitação foi feita pelo deputado federal Márcio Marinho (Republicanos-BA), que argumentou que esse não é apenas um problema econômico, mas também de segurança pública. Para ele, é preciso criar uma força conjunta para combater a problemática que vem tomando conta das cidades brasileiras.

“É necessário que sejam encontradas soluções eficazes para combater essa prática criminosa. Para isso acontecer, é fundamental que haja uma ação conjunta entre o poder público, as empresas e a sociedade civil. Além de fortalecer a fiscalização, é preciso punir aqueles que forem pegos em flagrante, tanto quem cometeu o furto, quando o receptor – que comprou a mercadoria sem nenhum tipo de procedência”, afirma Marinho.

Segundo dados da ABC Cobre (Associação Brasileira do Cobre), o Brasil registra mais de 100 mil ocorrências de furtos e roubos de fios de cobre por ano. Para a delegada da Polícia Civil, Quésia Cabral, o número alarmante é apenas um alerta do grande caos que pode estar por vir, caso medidas não sejam tomadas.

“Precisamos trabalhar para coibir a receptação do material, pois quem pratica o crime sabe da facilidade para vender esse cobre. A população também precisa colaborar nesse quesito e o poder público deve investir em mais campanhas educativas para o cidadão entender a dimensão que essa prática pode causar. Os números de ocorrências crescem a cada dia e precisamos tomar ações mais enérgicas”, pontuou a delegada.

Além de ilegal, o furto de cabos é realizado por pessoas não capacitadas e autorizadas, podendo ocasionar um acidente grave – e até fatal, com quem pratica o ato e com as pessoas ao redor.

“As subestações, assim como as demais instalações que compõe a rede elétrica, não devem ser acessadas por pessoas não autorizadas pela empresa, como forma de evitar acidentes e preservar a vida. Isso pode vitimar o próprio vândalo nesse tipo de situação. Existe, inclusive, vários casos registrados em que o criminoso acabou vitimando outras pessoas que estavam próximas ao local no qual foi praticado o crime”, revelou Giácomo Bassi, superintendente de Fiscalização Técnica dos Serviços de Energia Elétrica (SFT), da Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL.

Quem também participou da audiência foi o diretor de Relações Institucionais do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC), Igor Rodrigues, que demostrou insatisfação com o aumento demasiado das contas de energia repassadas para o consumidor.

“Como na maioria das vezes, quem acaba pagando a conta são os consumidores. Os roubos aumentam, as empresas ampliam seus gastos por conta dos reparos que não estavam programados e acabam repassando essa conta para o produto final: o consumidor. Outro grande problema que estamos enfrentando são os eletrodomésticos queimados por conta de uma pane elétrica ocasionada por furto. A ANEEL está entendendo que, apesar de estarmos pagando contas tão altas, as empresas não precisam ser responsabilizadas pelo prejuízo do consumidor, pois o problema não foi ocasionado por força da natureza e sim por emprego de terceiros, o que é um absurdo!”, ressaltou o diretor do Idec.

Por fim, a Superintendente de Relações Institucionais da Neoenergia, Juliana Pimentel, revelou que a empresa precisou desembolsar cerca de R$ 6 milhões para reparar estações danificadas por conta da ação de criminosos.

“Quando um transformador de energia acaba sendo violado, precisamos deslocar equipes até aquela localidade, que muitas vezes são de difícil acesso. Existem casos que levamos dias para reconstruir aquela rede. A nível de informação, só de janeiro a julho desse ano, quase 7 mil casos de furtos foram registrados somente na Neoenergia, que administra a energia em apenas cinco estados, causando um prejuízo de R$ 6 milhões e um alarmante número de mais de 285 mil metros de fios furtados. Além disso, existe, também, os prejuízos à iluminação pública. Com as ruas sem iluminação, há o aumento da sensação de insegurança e, nestes casos, todos nós acabamos sendo vítimas”, informou.

Números da situação na Bahia

Apenas no primeiro semestre de 2023, a Neoenergia Coelba, empresa responsável pela distribuição de energia no estado, registrou 653 ocorrências originadas pelo furto dos seus ativos. Em 2022 foram registradas 1.422 ocorrências de furtos de fios no estado, um aumento de 50% em relação a 2020 (735 casos) e de 20% em comparação a 2021, quando foram notificados 1.176 crimes.

Os municípios com maiores números de ocorrências foram Salvador, Feira de Santana, Curaçá e Jaguaquara. Com os furtos de 2022, cerca de 34 mil casas, escolas, creches e estabelecimentos comerciais foram impactados.

Já a concessionária CCR Metrô Bahia, responsável pela operação do sistema metroviário nas cidades de Salvador e Lauro de Freitas, revelou um aumento de 400% no número de furtos de cabo no metrô em 2022 em relação ao registrado no ano anterior.

Texto: Ascom Márcio Marinho
Foto: Socorro Araújo