Presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Câmara Municipal de Salvador e vice do colegiado de Reparação, a vereadora Ireuda Silva (Republicanos) viu com bons olhos a decisão da Justiça de bloquear R$ 1 milhão em bens para pagar doméstica resgatada de trabalho análogo à escravidão em Lauro de Freitas, Região Metropolitana de Salvador (RMS). Para a republicana, se a medida virasse lei, a exploração do trabalho no Brasil já teria acabado há muito tempo.
“Muita coisa só vai para a frente quando dói no bolso. De certa forma, as instituições brasileiras são coniventes com o racismo, pois as penas para criminosos raciais são muito mais brandas do que deveriam ser”, diz Ireuda.
A ex-empregada doméstica Madalena Santiago da Silva viveu 50 dos seus 60 anos em situação análoga à escravidão. Conforme mostrou reportagem da TV Bahia, durante décadas ela foi agredida, humilhada, vítima constante de injúrias raciais e roubada pela família para quem trabalhava em Lauro de Freitas, até finalmente ser resgatada por fiscais do Ministério do Trabalho.
“É uma tragédia humana. Flagelos como esse só acabarão quando esses projetos de seres humanos começarem a passar um bom tempo na cadeia e forem obrigados a se desfazer de boa parte de seus patrimônios para reparar os crimes que cometeram. Se é que é possível reparação para uma mulher negra que simplesmente teve a vida roubada, que foi escravizada e humilhada por décadas. Os prejuízos materiais são enormes, mas as perdas morais são incalculáveis”, acrescenta a republicana.
Texto: Ascom da vereadora Ireuda
Edição: Republicanos Bahia.
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