Pela primeira vez, desde que a Lei 14.759 foi sancionada, em dezembro de 2023, o Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, será comemorado como feriado nacional. A data que remete a luta dos escravizados e a morte de Zumbi dos Palmares, um dos símbolos de resistência contra a escravidão no país – até o ano passado, era tida como feriado apenas em poucos estados brasileiros e alguns municípios.
Ter o reconhecimento desta importante data conferindo-lhe como feriado nacional é, sem dúvidas, validar a sua importância e ratificar toda a longa trajetória de luta e combate ao racismo que tivemos até aqui.
Mas, infelizmente, se por um lado comemoramos as vitórias alcançadas, por outro lado me pergunto até quando situações referentes às questões raciais soarão como impactantes aos nossos ouvidos, sendo que elas já deveriam ter sido vencidas em razão de toda a luta que enfrentamos até aqui.
Estou perto de completar 54 anos e desde sempre ouço e leio questões como:
Pela primeira vez, os negros são maioria no ensino superior
Pela primeira vez, uma atriz negra é protagonista na TV brasileira
Pela primeira vez, um homem negro foi escolhido para participar de uma missão em viagem à Lua
Pela primeira vez, um homem negro ocupa a presidência dos Estados Unidos.
Pela primeira vez, pela primeira vez, pela primeira vez…
E aí me questiono, com tristeza, quantas barreiras ainda precisaremos quebrar para que os nossos direitos, as nossas conquistas, a nossa dignidade e os lugares ocupados sigam o fluxo natural de uma sociedade onde a igualdade seja enfim uma realidade.
Enquanto esse dia não chega, precisamos continuar lutando juntos, cada um no contexto ao qual está inserido, de forma que possamos alcançar uma mudança de consciência, o que consequentemente leva a transformação na sociedade ao qual vivemos.
E justamente por isso, nós do Republicanos, partido o qual faço parte e estou como presidente estadual aqui na Bahia, apoia essa pauta.
Como deputado federal, fui um dos apoiadores da aprovação do Estatuto da Igualdade Racial, um marco fundamental no que se refere à promoção de políticas públicas para promover a igualdade. A valorização e o reconhecimento da capoeira como profissão também é uma das bandeiras do meu trabalho.
Os correligionários republicanos aqui na capital baiana têm encabeçado projetos importantes, como a vereadora Ireuda Silva, que conduz há 15 anos o prêmio Maria Felipa, uma das mais importantes honrarias concedidas a mulheres negras. É dela também o Projeto de Lei 277/2023, que busca reconhecer a profissão de trancista como patrimônio cultural imaterial de Salvador.
Já o vereador Luiz Carlos, que também é presidente municipal do nosso partido, indicou a criação do “Disque Combate ao Racismo”, com o objetivo de receber denúncias.
No campo estadual, posso destacar o Projeto de Lei 24.940/23, apresentado pelo deputado Jurailton Santos, que busca punir atos racistas nos estádios e arenas esportivas da Bahia.
E por falar em esporte, quem não se indignou ou, ao menos, se questionou sobre o fato de Vinícius Júnior, destaque do Real Madrid e candidato natural à Bola de Ouro, ter sido alvo constante de ataques racistas? O jogador, fundamental nas conquistas da LaLiga e da Champions League, teve um desempenho impecável na última temporada, mas, infelizmente, ficou com o segundo lugar na disputa e foi alvo de preconceito, com insultos raciais em várias ocasiões na Espanha.
Esses ataques não passaram em branco: resultaram em condenações inéditas por racismo, mostrando o quão grave ainda é o problema no futebol e na sociedade.
Essa realidade nos faz refletir o motivo que em meio a tantas vitórias, ainda há tanto retrocesso. Celebramos os avanços, mas o abismo entre o que conquistamos e a sociedade idealizada ainda é imenso. Seguiremos lutando para juntos construirmos esse futuro que talvez não seja vivenciado por nós, mas com certeza será por algum dos nossos.
Márcio Marinho
Deputado federal e presidente estadual do Republicano
O PARTIDO
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